A Arte do Poder: Quem Está Por Trás do Sacrifício do General na Política Atual?
No clássico “O Príncipe”, Maquiavel nos ensina sobre as nuances do poder e da liderança, destacando que a eficácia nem sempre se alinha à moralidade tradicional. A história de Cesare Borgia e seu comandante Remirro de Orco exemplifica essa complexidade: Borgia utilizou Remirro para pacificar a Romagna de maneira brutal, apenas para sacrificá-lo publicamente depois, ganhando o favor do povo e consolidando seu poder. Mas isso nos leva a uma pergunta intrigante: quem seria o “Rei” por trás das ações do “General” na política atual?
Recentemente, a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no combate à desinformação durante e após as eleições de 2022, tem despertado comparações com a estratégia maquiavélica de utilizar e depois sacrificar um aliado para manter o poder. Mas, se Alexandre de Moraes é o “General” que executa as ordens, quem está por trás das decisões que ele toma? Quem seria o “Rei” que se beneficiaria do sacrifício de Moraes, caso suas ações se tornassem insustentáveis?
Paralelos entre Maquiavel e a Política Atual
Uso de Terceiros para Tarefas Impopulares:
- Ontem: Cesare Borgia delegou a Remirro de Orco a tarefa de pacificar a Romagna de maneira brutal, sabendo que isso o tornaria impopular.
- Hoje: De forma semelhante, o gabinete de Alexandre de Moraes teria utilizado informalmente o setor de combate à desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para produzir relatórios que embasaram medidas legais contra aliados de Jair Bolsonaro. Mas quem realmente se beneficia dessas ações? Quem está acima do “General” Moraes, tomando as decisões mais estratégicas?
Sacrifício de Aliados para Manter a Imagem:
- Ontem: Borgia sacrificou Remirro de Orco após este cumprir sua função, apresentando-se como um líder justo.
- Hoje: E se, em algum momento, Alexandre de Moraes for sacrificado politicamente para preservar a imagem de uma figura ainda mais poderosa? Quem seria essa figura, o verdadeiro “Rei” que pode se distanciar das controvérsias e ganhar o favor da opinião pública?
Controle da Narrativa:
- Ontem: Borgia controlou a narrativa ao sacrificar Remirro publicamente, consolidando sua imagem de líder justo.
- Hoje: Alexandre de Moraes tem buscado controlar a narrativa, justificando que todos os procedimentos foram oficiais e documentados. Mas quem está realmente controlando essa narrativa? Seria o “Rei” que, ao sacrificar o “General”, poderia emergir como um defensor da justiça e da ordem, mesmo que isso signifique deixar Moraes exposto?
A Importância da Percepção Pública:
- Ontem: Para Maquiavel, a percepção pública era crucial para o poder, e o governante deveria gerenciá-la com habilidade.
- Hoje: Na política atual, a percepção pública é igualmente vital. Quem está manipulando essa percepção, utilizando figuras como Moraes para realizar as tarefas mais difíceis e impopulares, para depois se afastar delas no momento oportuno?
Reflexão Final: Quem é o Rei na Política Contemporânea?
Assim como Maquiavel descreveu em “O Príncipe”, o poder político e as estratégias de liderança muitas vezes envolvem decisões difíceis e, por vezes, moralmente ambíguas. A atuação de Alexandre de Moraes no combate à desinformação pode ser vista como parte de uma estratégia maior, onde ele pode ser o “General” que realiza as ordens mais complicadas. Mas a verdadeira questão é: quem é o “Rei” que poderia, no final, sacrificar Moraes para preservar seu próprio poder e imagem?
Esse questionamento nos leva a refletir sobre as dinâmicas ocultas do poder na política contemporânea, onde figuras como Moraes podem ser tanto protagonistas quanto peças sacrificáveis em um jogo muito maior.
Parabéns pelo texto. Atual e oportuno.